Olá, pessoal. Muitos de vocês, do universo paralelo da bola oval no Brasil já me conhecem. Sou Wyllian Soppa, vulgo Dom, jornalista por profissão, atleta e narrador de futebol americano por paixão ao esporte.
Este blog será um canal extravasor que utilizarei para comentar o dia-a-dia nesse meio em que convivo, o do futebol americano em Curitiba. Impressões como atleta, como jogador, reportagens sobre jogos e campeonatos. Um pouco de tudo.
Começarei falando a respeito do futebol americano na região da capital paranaense. A cidade mãe do futebol americano fullpads passou por tempos de gloria, com a realização de grandes jogos, torneios, e isso não parou. A cada ano o nível dos times grandes cresce mais, e as competições se tornam cada vez mais interessantes. Vale citar que, se na final do primeiro paranaense tivemos banda ao vivo no intervalo da final, na última o troféu chegou de helicóptero.
Todavia, nem só de grandes equipes e eventos vive o esporte na capital mais fria do país. Além dos três grandes (Curitiba Brown Spiders, Coritiba Crocodiles e Curitiba Hurricanes), e do mais novo time equipado da cidade (Curitiba Predadores), a região conta com mais quatro equipes de pequeno porte, ainda não equipadas. Parece bom, não é mesmo? Vários times na cidade, possibilidade de vários jogos durante todo o ano, com toda a pompa que um evento de futebol americano merece. Mas vale a pena observar pequenos detalhes.
Analisemos a estrutura dos três primeiros times de Curitiba. A média aproximada de atletas por time é de 60 jogadores, sendo eles dos mais diversos e inusitados tipos físicos: Dos mais pesados e ágeis, aos menores, porém mais robustos, passando pelos altos e magros, os com braço potente, com boa velocidade, boa tração, e diversas outras características. Agora paremos para pensar no seguinte: apenas nos três times temos quase 200 jogadores ao todo. Se contarmos com o quarto fullpad, que possui cerca de 45 jogadores com as mesmas características, chegamos ao número arredondado de 250 jogadores (em média) apenas em Curitiba e região.
Agora vamos observar as quatro outras equipes, ainda em formação. Precisaríamos de cerca de 250 outros atletas que preencham todas aquelas características do futebol americano. A matemática tão assustadora quanto simples: Curitiba precisa de 500 jogadores de nível para que todas as equipes joguem razoavelmente bem. De acordo com o último censo realizado, nossa população é de 1.746.896 habitantes, sendo 832.500 homens. Observando esses números, parece fácil achar que 0,06% da população masculina curitibana vá praticar o futebol americano.
Porém, vamos observar o padrão esportivo de nossa cidade. Temos dezenas de times de futebol amador pela região, equipes de basquete, vôlei, praticantes de skate, artes marciais e várias outras modalidades esportivas. E, cá entre nós, o futebol americano ainda não está nem entre os 10 esportes mais praticados de nossa cidade. A divulgação pela imprensa é pífia e os apoios de empresários são irrisórios. É completamente inconcebível crer que Curitiba tem capacidade para oito ou 10 times de futebol americano, equipados e preparados para disputas de alto nível no padrão nacional da modalidade.
Qual o efeito disso? 10 anos após a criação da primeira equipe de Curitiba, e três anos após a realização do primeiro torneio estadual, tempo em que muito trabalho em conjunto aconteceu pela evolução do futebol americano, vemos um quadro terrível de individualismo, cheio de pessoas dispostas a "crescer e aparecer" por conta própria. Isso pode nos levar ao retrocesso, e a uma imagem de total amadorismo e despreparo, após sermos reconhecidos oficialmente por entidades reguladores do esporte, e conquistarmos alguma atenção da imprensa pelos ótimos jogos. Não querendo ser pessimista, mas eu duvido muito que realmente seja possível, nos tempos atuais, contar com 500 atletas de alto nível em Curitiba e região. Certamente é possível que 500 pessoas pratiquem esse esporte na capital, mas é impossível crer que oito times jogarão no mesmo nível, se ele for alto. Retroceder ninguém quer.
O panorama é assustador, se pararmos para observar com cuidado estes detalhes. A solução? Deixar o individualismo de lado, unir forças e formar "poucas e boas" equipes. Quantidade definitivamente não representa qualidade, e colaborar com a destruição de um trabalho tão bonito que foi feito por todos nós, dos atletas e dirigentes aos que são simplesmente entusiastas do esporte, é assinar a sentença de morte do nosso reconhecimento de nível nacional, já que temos algumas das melhores equipes do Brasil situadas em nossa cidade.
Sei que esta comparação é absurda, mas observemos a NFL. Além de New York, qual outra cidade tem dois times de nível profissional? Sabem por que? É simples, isso é inviável! Definitivamente não sou defensor de um time único em Curitiba, até pela grandeza de nossa bela cidade. Porém, crer que podemos ter oito equipes é como esperar Papai Noel.
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