IMPOSSÍVEL. Simples assim. Na última semana conclui o curso de jornalismo, nas Faculdades Integradas do Brasil - UniBrasil, e minha qualificação foi feita com uma monografia a respeito da cobertura esportiva do futebol americano no Paraná.
Mas por que digo que é impossível transformar seu hobby em sua tese? Porque fazer trabalho de conclusão de curso é deveras estressante. Dias e noites inteiros sentado à frente do computador, tentando relacionar seu esporte favorito a uma teoria da comunicação, e mais do que isso, usando ambos os fatores para questionar o trabalho de profissionais do ramo com mais experiencia do que você. Se desanimei do futebol americano nesse período? Definitivamente não, mas quase abandonei meu tema.
Sobre a qualidade da cobertura esportiva no Paraná sobre o futebol americano, é pífia. A solução seria termos veículos especializados na imprensa para isso. Afirmo isso após analisar fatores como a estrutura das reportagens, seu déficit de conteúdo, especialmente dados técnicos, e traçando paralelos com a cobertura do futebol inglês. Mais de duzentas páginas, entre conteúdos e anexos, que não só me transformaram em um jornalista, mas também em um crítico do esporte.
Onde quero chegar com isso? Com explicações a respeito do meu primeiro post, e de comentários tecidos por mim no blog http://renaulterkaz.blogspot.com/. Já não analiso mais o futebol americano apenas como uma pessoa apaixonada pela modalidade. Sou um crítico do esporte me baseando em questões evolutivas, administrativas, jornalisticas, enfim. Citaram o futebol inglês e, podem acreditar, eu entendo da evolução do soccer no Brasil. Precisei estudar ela para entender a evolução do football. A forma com que o esporte bretão se desenvolveu no Brasil não tem absolutamente nada a ver com os caminhos que o futebol americano deve seguir.
Antes de ser questionado, explico. O futebol surgiu em um tempo onde as regatas eram o esporte mais popular. Alem das regatas, pouquíssimas outras modalidades recebiam alguma atenção. O futebol tinha poucos adeptos, e todos se uniam para formar equipes grandes e relativamente fortes, e com elas disputar torneios. Não havia segmentação como está havendo em Curitiba. Essa característica da evolução do soccer devia ser mantida. Porém, vamos relembrar que NÃO HAVIA GRANDE NÚMERO DE MODALIDADES DIFERENTES ESTRUTURADAS.
O futebol americano se desenvolve no país em um tempo onde, além do soccer, temos uma boa liga de basquete, os melhores atletas de volei do mundo, nas quadras e na areia, grandes jogadores de futsal e beach soccer, ginastas campeãs, grandes pilotos, lutadores fora do comum, nadadores sensacionais, etc. Estas modalidades podem não ser gigantes no Brasil, e talvez demore centenas de anos para que se estabeleçam e enriqueçam, mas são PROFISSIONAIS. Já fizeram com que o caminho das pedras se tornasse mais fácil para outras modalidades crescerem, já que quebraram um pouco do preconceito ignorante do brasileiro contra outras modalidades que não fossem o futebol dos pentacampeões.
Falo sobre união de forças, e até mesmo de uma redução nessa velocidade de surgimento de "times nanicos", com alguma propriedade. Sou um dos fundadores do Busters Football, convivi no meio das imensas dificuldades de se tentar conduzir uma equipe formada por (vulgarmente falando) meia duzia de gatos pingados. Fui incentivador do ingresso oficial da modalidade Arena Football no calendário oficial paranaense e pensei em fomentar a criação de equipes de football de praia. Porém, nosso esporte tem apenas três anos de real estabelecimento no Paraná, e nesse momento qualquer excesso de segmentação pode frear essa evolução que vivemos. Ainda é hora de poucas e boas equipes na cidade. Temos quatro fullpads, quem sabe até caiba mais uma, mas nesse momento deveria ser o limite.
Devemos dar um passo de cada vez. É cedo demais para pensar em série A2 do football, sendo que nosso paranaense ainda conta com apenas seis times. É cedo demais para achar que a única oportunidade de se jogar futebol americano é formando equipes pequenas espalhadas por bairros. Como o soccer e as demais modalidades citadas anteriormente, os times mais antigos já removeram mais da metade das pedras do caminho, para que novas equipes que surjam no estado tenham a chance de se desenvolver em muito menos tempo. Não é saudável crer que um time tenha de ralar durante oito anos para poder disputar partidas de nível. Todavia, se a segmentação continuar, sofrer durante dez anos para conseguir vencer uma partida oficial será inevitável.
No Brasil, das micro empresas que são criadas todos os anos, a grande maioria fecha as portas antes de completar dois anos. Sou contra a variedade? Definitivamente não, mas sou contra o excesso de "empreendimentos individuais", sendo que é momento de se trabalhar em formato de cooperativa. Criar equipes pequenas distribuídas por bairros pelo simples fato de não querer "atravessar a cidade" para jogar (sintetizando, muitas vezes por PREGUIÇA) é um forte indicativo de que, quando um esforço maior for solicitado, ele pode não acontecer. É claro que a "dor de dono" pode fazer essas pessoas acordarem, mas não é preciso quebrar a cabeça para se jogar football. Até porque nenhuma equipe de Curitiba tem as portas fechadas.
Pessoas com capacidade atlética e talento estão sempre sendo selecionados nos times da cidade. É um esporte elitista pelo alto custo dos equipamentos (infelizmente), e é um esporte que exige um mínimo de condições físicas. Talvez seja mais fácil, para os que querem jogar futebol americano e acham que não estão prontos para as equipes grandes, investir em alimentação, suplementação e hipertrofia, e obviamente estudar sobre o esporte nesse período, para chegar pronto para entrar em uma boa equipe estruturada. Não tenho o menor receio de errar que investir nesse caminho sai mais barato, é mais eficiente e mais útil ao esporte do que salpicar a cidade de pequenos grupos de praticantes.
Como transformar paixão em trabalho academico
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O Futebol Americano em Curitiba
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Olá, pessoal. Muitos de vocês, do universo paralelo da bola oval no Brasil já me conhecem. Sou Wyllian Soppa, vulgo Dom, jornalista por profissão, atleta e narrador de futebol americano por paixão ao esporte.
Este blog será um canal extravasor que utilizarei para comentar o dia-a-dia nesse meio em que convivo, o do futebol americano em Curitiba. Impressões como atleta, como jogador, reportagens sobre jogos e campeonatos. Um pouco de tudo.
Começarei falando a respeito do futebol americano na região da capital paranaense. A cidade mãe do futebol americano fullpads passou por tempos de gloria, com a realização de grandes jogos, torneios, e isso não parou. A cada ano o nível dos times grandes cresce mais, e as competições se tornam cada vez mais interessantes. Vale citar que, se na final do primeiro paranaense tivemos banda ao vivo no intervalo da final, na última o troféu chegou de helicóptero.
Todavia, nem só de grandes equipes e eventos vive o esporte na capital mais fria do país. Além dos três grandes (Curitiba Brown Spiders, Coritiba Crocodiles e Curitiba Hurricanes), e do mais novo time equipado da cidade (Curitiba Predadores), a região conta com mais quatro equipes de pequeno porte, ainda não equipadas. Parece bom, não é mesmo? Vários times na cidade, possibilidade de vários jogos durante todo o ano, com toda a pompa que um evento de futebol americano merece. Mas vale a pena observar pequenos detalhes.
Analisemos a estrutura dos três primeiros times de Curitiba. A média aproximada de atletas por time é de 60 jogadores, sendo eles dos mais diversos e inusitados tipos físicos: Dos mais pesados e ágeis, aos menores, porém mais robustos, passando pelos altos e magros, os com braço potente, com boa velocidade, boa tração, e diversas outras características. Agora paremos para pensar no seguinte: apenas nos três times temos quase 200 jogadores ao todo. Se contarmos com o quarto fullpad, que possui cerca de 45 jogadores com as mesmas características, chegamos ao número arredondado de 250 jogadores (em média) apenas em Curitiba e região.
Agora vamos observar as quatro outras equipes, ainda em formação. Precisaríamos de cerca de 250 outros atletas que preencham todas aquelas características do futebol americano. A matemática tão assustadora quanto simples: Curitiba precisa de 500 jogadores de nível para que todas as equipes joguem razoavelmente bem. De acordo com o último censo realizado, nossa população é de 1.746.896 habitantes, sendo 832.500 homens. Observando esses números, parece fácil achar que 0,06% da população masculina curitibana vá praticar o futebol americano.
Porém, vamos observar o padrão esportivo de nossa cidade. Temos dezenas de times de futebol amador pela região, equipes de basquete, vôlei, praticantes de skate, artes marciais e várias outras modalidades esportivas. E, cá entre nós, o futebol americano ainda não está nem entre os 10 esportes mais praticados de nossa cidade. A divulgação pela imprensa é pífia e os apoios de empresários são irrisórios. É completamente inconcebível crer que Curitiba tem capacidade para oito ou 10 times de futebol americano, equipados e preparados para disputas de alto nível no padrão nacional da modalidade.
Qual o efeito disso? 10 anos após a criação da primeira equipe de Curitiba, e três anos após a realização do primeiro torneio estadual, tempo em que muito trabalho em conjunto aconteceu pela evolução do futebol americano, vemos um quadro terrível de individualismo, cheio de pessoas dispostas a "crescer e aparecer" por conta própria. Isso pode nos levar ao retrocesso, e a uma imagem de total amadorismo e despreparo, após sermos reconhecidos oficialmente por entidades reguladores do esporte, e conquistarmos alguma atenção da imprensa pelos ótimos jogos. Não querendo ser pessimista, mas eu duvido muito que realmente seja possível, nos tempos atuais, contar com 500 atletas de alto nível em Curitiba e região. Certamente é possível que 500 pessoas pratiquem esse esporte na capital, mas é impossível crer que oito times jogarão no mesmo nível, se ele for alto. Retroceder ninguém quer.
O panorama é assustador, se pararmos para observar com cuidado estes detalhes. A solução? Deixar o individualismo de lado, unir forças e formar "poucas e boas" equipes. Quantidade definitivamente não representa qualidade, e colaborar com a destruição de um trabalho tão bonito que foi feito por todos nós, dos atletas e dirigentes aos que são simplesmente entusiastas do esporte, é assinar a sentença de morte do nosso reconhecimento de nível nacional, já que temos algumas das melhores equipes do Brasil situadas em nossa cidade.
Sei que esta comparação é absurda, mas observemos a NFL. Além de New York, qual outra cidade tem dois times de nível profissional? Sabem por que? É simples, isso é inviável! Definitivamente não sou defensor de um time único em Curitiba, até pela grandeza de nossa bela cidade. Porém, crer que podemos ter oito equipes é como esperar Papai Noel.
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